O hábito de usar ervas medicinais como remédio confunde-se com a história da humanidade e nos revela que a preocupação do homem com seu bem estar, no meio em que vive não é um fato da vida moderna.
Não se pode atribuir a utilização dos remédios da natureza especificamente à um país ou um continente ou à uma civilização, pois a partir do momento em que existiu a vida nasceu também o desejo de sobrevivência, e este, leva toda forma de vida a utilizar o substrato que o meio ambiente lhe fornece em beneficio de si mesmo.
Historicamente o que se tem registrado foi a grande contribuição dada pelos antigos Egípcios, depois pelos Gregos e mais tarde pelos Romanos, que poderiam ser considerados os verdadeiros herdeiros do conhecimento egípcio.
Espécies como semente de linhaça, alho, cardamomo, sene, zimbro, funcho já eram utilizadas pelos antigos egípcios. |
Os egípcios também conheciam as propriedades analgésicos da dormideira ou papoula, ou seja o ópio, de onde mais tarde foi extraída a morfina.
As sementes de papoula possuem um delicado sabor que lembra nozes e um leve efeito afrodisíaco. |
É bom que se diga que os egípcios já conheciam técnicas de extração de princípios ativos de plantas e já usavam substancias como o próprio ópio e beladona, o que denota que também conheciam regras de dosagem.
Hipócrates notadamente reconhecia as forças da natureza em seus trabalhos. |
Entre os gregos, foram Aristóteles e Hipócrates quem mais se dedicaram ao estudo de plantas medicinais.
Hipócrates notadamente reconhecia as forças da natureza em seus trabalhos desenvolvendo conceitos sobre ecologia, talvez meio excêntricos para a época, porém muito atual para nossos tempos.
No tratado intitulado “Ares, Águas e Lugares”, ele descreve com muita propriedade, como o bem estar das pessoas pode ser influenciado pelo meio ambiente, pela qualidade do ar, da água, dos alimentos e até mesmo pela topografia da terra. Explica a correlação entre mudanças súbitas nesses fatores e o aparecimento de doenças. Perceba que ele criou o conceito de estresse bem antes que a palavra fosse inventada!
Será que Hipócrates que viveu no século II a.C. imaginava que seus conceitos chegariam tão apropriados ao século XXI d.C.?
Será que ele já imaginava que os homens devastariam as florestas e poluiriam suas águas, fazendo com que muitas espécies animais e vegetais desaparecessem?
Que o ar ficaria quase irrespirável nas grandes metrópoles construídas pelo homem?
O que ele pensaria de tantas gerações de profissionais que fizeram o Juramento Hipocratico, terem se distanciado tanto de seus conceitos e seus ideais?
O grego Galeno foi quem efetivamente transformou as plantas em formas farmaceuticas ou preparações galenicas. |
As coisas iam bem, até que com a queda do Império Romano durante a Idade Media, a ciência sofre um duro golpe.
Lembra da Santa Inquisição? Naquela fase obscurecida pelo preconceito e ignorância, a única luz que se via era a das fogueiras onde se queimavam vivos aqueles que afrontavam a opinião da Igreja, que via no medo dos seus seguidores o pedestal do seu poder.
O papel da mulher ao longo da historia sempre foi de cuidadora e como já era de se esperar, foram elas as mais perseguidas pelo tribunal da inquisição.
Qualquer mulher que oferecesse alivio à alguém através de uma erva ou uma reza era considerada bruxa e como tal era queimada viva pelos inquisidores.
A jovem e corajosa Joana D Arc carregava sob suas vestes um galho de mandrágora, planta tida como diabólica. |
Plantas como a mandrágora, beladona e meimendro-negro foram consideradas “ervas diabólicas”. E é fácil entender o porquê. São espécies que contem substancias alcalóides.Em doses ínfimas são bons analgésicos e antiespasmódicos mas em dose maiores se tornam venenos.
Todo o conhecimento sobre os remédios da natureza, corria o risco de se perder, não fosse pelos monges que na segurança dos monastérios estudavam e cultivavam plantas medicinais. Escreviam suas experiências em latim, língua que somente eles falavam e dessa forma sobreviveria à ignorância da inquisição.
Cientista, médico, alquimista e meio bruxo, Paracelso provocou importantes mudanças durante o século XVII. |
Assim, queridos amigos, cada um de nós percorre seu caminho imaginando estar fazendo diferente do que fizeram outros em outros tempos. Será que estamos?
Pense nisso!
Até a próxima!